24 outubro 2006

Ilha de S. Miguel (III)

É na costa norte da ilha de S. Miguel, que se encontram as únicas plantações de chá na Europa para fins industriais. Crê-se que as primeiras sementes de chá foram trazidas do Brasil para os Açores, na segunda metade do XVIII. Por longo tempo, o chá foi usado somente como planta ornamental mas, no ano de 1878, por iniciativa da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense, chegaram à ilha dois chineses para ensinar a transformação industrial do chá. Assim, o interesse pelo chá cresceu, chegando a existir seis fábricas de chá na ilha. A fábrica de Chá de Porto Formoso foi fundada por Amâncio Machado e Maia, tendo laborado entre os anos 20 e os anos 80. Em 1998, os actuais proprietários iniciaram as obras de recuperação da fábrica. O chá, cuja designação botânica é Camellia Sinensis, da variedade China, apesar de não ter pragas ou doenças na região, requer cuidados especiais ,nomeadamente no que concerne às podas e desponta antes da colheita, de modo a produzir folhas de qualidade. A apanha é feita de Abril a Setembro, coincidindo com uma época de pouca pluviosidade. Após esta operação, as folhas são levadas para a fábrica, onde são transformadas em folhas de infusão, através de processos totalmente naturais: o murchamento da folha, a rolagem, a oxidação, seguidos de secagem e empacotamento, dando origem aos três tipos de chá acima mencionados.

23 comentários:

tmgamito disse...

na minha terra também havia chá! no norte, no Gurué! mas o chá dos Açores não é mau...
Estes não vendem chá verde?

Laurus nobilis disse...

Não. Produz somente chá preto destes três tipos. O primeiro, o Orange Pekoe, é realmente bom. O nome orange tem a ver com o facto do comércio do chá ter sido feito em larga escala pelos holandeses e, nesse tempo, ser a Casa de Orange a governar a Holanda; daí o nome!

tmgamito disse...

Mas os da concorrência! produzem estes três tipos mais o chá verde, que por acaso até é muito bom... como a planta é a mesma... é estranho

Anónimo disse...

foi o meu amigo Panoramix que levou o chá para Inglaterra (os portugueses têm a mania de dizer que foi a Catarina de Bragança mas não foi!) e enganou-me bem! deixou-me pensar que estava a beber poção mágica e afinal não era nada... mas os ingleses coitados bebiam água quente com uma nuvem de leite... e cerveja morna!!! bem que precisavam de uma animaçãozinha...

Laurus nobilis disse...

Não tenho a certeza, mas parece-me que o chá verde é este chá, sem alguns dos passos e processos que mencionei. Aquilo a que se chama chá verde, é no fundo chá preto quase em bruto...

Laurus nobilis disse...

no chá verde, as folhas sofrem uma oxidação reduzida, ao contrário do chá preto, em que esta é mais profunda...

tmgamito disse...

por isso é que não se percebe porque é que estes não fazem chá verde.. ainda por cima está na moda!!! andam por aí a importar chá verde de não sei quantos sítios quando em Portugal se produz e é bom...

Nautilus disse...

No início do século XX havia cerca de 10 grandes produtores de chá em São Miguel e uns quantos de menor dimensão. No entanto várias plantações e fábricas foram fechando, primeiro pela deficiente distribuição de energia elétrica na ilha que dificultou a modernização e levou a que alguns produtores se voltassem para a produção de leite e depois, devido às restrições às trocas com o exterior, durante as duas grandes guerras, que levaram à diversificação das culturas para outras mais necessárias à subsistência.

Durante os anos 80 e 90, a Gorreana foi a única fábrica que se manteve em laboração, mas no final dos anos 90 os actuais proprietários da Fábrica de Chá Porto Formoso, decidiram recuperar a fábrica, sendo agora também uma plantação de sucesso.

O chá verde difere ligeiramente do chá preto no processo de transformação: após a colheita as folhas são sujeitas a um processo de “steaming”, que consiste na aplicação de vapor de água o que leva à inactivação de enzimas (polifenol oxidades), impedindo a fermentação (ou mais correctamente a oxidação). As folhas são depois enroladas, secas e de novo enroladas. Ficam no final, com uma cor verde-azeitona, escura e inteiras.

O chá verde era o mais consumido mas declinou depois da II Grande Guerra, porque era feito em máquinas de cobre, actualmente os cilindros onde se aquecem as folhas do chá com o vapor de água são de madeira.

Laurus nobilis disse...

o chá verde acaba por ser uma invenção recente; o processo ortodoxo de produzir folhas de infusão é o que dá origem ao chá preto; também é o que eu mais gosto... sobretudo se for acompanhado com uns scones, num dia mais ou menos como o de hoje: muita chuva e vento!

tmgamito disse...

chá preto? depende.. gosto de alguns, de outros não... O que gosto mais é o Earl Grey (china, com bergamota? acho que é uma espécie de limão), para chá gelado o melhor é o Darjeeling (India), o Lapsang Souchong (china, fumado) é óptimo com chouriço assado... do Assam (china) por exemplo não gosto...

e vocês não percebem nada de chás... o chá verde existe desde a dinastia ming, de resto os primeiros chás com as folhinhas cortadas era de folhas verdes uns milénios antes de Cristo... e na Europa, depois de a Catarina de Bragança ter feito propaganda do chá bebia-se igualmente chá verde e chá preto!!!

Chá com scones ou pancakes era o nosso lanche todos os sábados quando éramos pequenos mas aí acho que era mesmo chá de Moçambique

E foi o chá de Moçambique que acabou com o dos Açores!!!!

tmgamito disse...

com muita chuva e vento e sobretudo se estiver frio o melhor é mesmo chocolate quente, daquele muito preto, com umas torradinhas a transbordar de manteiga!!!

Laurus nobilis disse...

com tanta sapiência, calo-me desde já...

Anónimo disse...

eu isso da catarina de braganca ate sei como se passou...fica para logo em detalhe...que eu conheci um amigo dum primo de um tetravo que trabalhava em Portsmouth por mil seisecntos e tal......
agora eu adorava poder encomendar esse cha Accoreano para ter aqui nas cortes...comoee que se faz?
expliquem devagarinho se fazem o favor

Laurus nobilis disse...

Penso que deve existir algures em Lisboa, mas nunca vi à venda. No entanto, a morada da Fábrica e Loja é:

Pacheco e Mendonça Lda
Estrada Regional nº24
9625-421 Porto Formoso
São Miguel, Açores

Nautilus disse...

A Gorreana sei que vende nas grandes superfícies nos Açores por isso é natural que algumas delas tenham também cá o chá deles. Os contactos deles são:
Plantações de Chá Gorreana
Gorreana - 9625 Maia
São Miguel, Açores
tel/fax: 296 442 349
mail: sales@gorreana.com
site: www.gorreana.com

O chá de Porto Formoso nunca vi à venda mas têm um site:
www.chaportoformoso.com
mais interessante que o da Gorreana
e o mail: geral@chaportoformoso.com

O Milhas Náuticas (infelizmente)não ganha nada com isto. Só pelo gosto de valorizar o que de bom existe ou se faz em Portugal.
Isto é só para mostrar à Miúda que também sabemos do que estamos a falar!

Anónimo disse...

bem-hajam

tmgamito disse...

Burocratas! moradas e mails... eu cá diria que a melhor maneira de comprar é ir passear aos açores, ver umas coisas giras e dar lá um pulinho às plantações pra provar e trazer o chá! E não sei se cá é como na minha terra, mas lá era muita giro ver as fulanas a apanharem as folinhas de chá, com as mãos a andarem muito depressa no meio das plantas, parecia um filme acelerado!
então e a história do chá da catarina de bragança? aposto que não é tão gira como a do panoramix!!

Anónimo disse...

no dia 13 de Maio de 1662, desmbarcou a princesa, Catarina de Bragancca, em Portsmouth. Ofereceram-lhe, como era habitual, cidra.
S.A.R. recusou a bebida nacional inglesa e pediu chaa.
Quando terminou o reinado a bebida nacional britaanica era o chaa...
O que mostra a determinaccaao da Rainha e tambem que Catarina de Bragancca era uma Portuguesa, como elas saao, de armas. Fez frente e substitui para sempre a bebida nacional do reino unido!
De tal modo a Rainha Portuguesa era apreciada que, em 1680, Edmund Waller escreveu um poema sobre a "melhor das ervas" e a "melhor das rainhas":
" Venus her myrthe,Phoebus has his bays,
Tea both excels which she vouchsafes to praise"
Neste momento o bardo da aldeia jaa estaa penduardo e preso na habitual arvore naao vaa cantar o poema...

tmgamito disse...

cidra... também gosto! não desta beberagem que andam a vender por cá... mas de uma cidra brut da Bretanha, terra de mar e de celtas...
um dia destes também conto aí a história de uma cidra

Anónimo disse...

estaa um bocado enm desuso, suponho eu, mas junto-me aa Garina do Mar a cidra ee Excelente...fico aa espera da histooria

tmgamito disse...

parece que não me deixam contar a história...

Laurus nobilis disse...

parece, parece...

Nautilus disse...

Agora fiquei curioso!