29 maio 2017

Praia das Tartarugas

A cavalaria moura tinha, incluído no equipamento de combate, um escudo de couro, com uma forma ovalada, que se chamava Ad dàrga. Com o decorrer do tempo e com a cristianização da Península Ibérica, a palavra evoluiu para adarga, sendo uma protecção muito usada pela infantaria cristã.
As carapaças das tartarugas são, não só rígidas, como têm um formato muito parecido com os escudos de couro usados nos primeiros tempos. Por outro lado, a carne de tartaruga era uma das carnes que podia ser ingerida sem problemas, devido a motivos religiosos, aquando do domínio muçulmano. 
Assim, a captura para obtenção de carne e das carapaças ocorria nos locais onde as tartarugas vinham a terra e, pelos vistos, as pequenas baías e reentrâncias junto ao Cabo da Roca prestavam-se a isso. 
Ou seja, reza a lenda que Praia da Adraga ou Praia das Tartarugas, indica que estamos num dos locais onde se podia obter o material para se fazerem adargas.

23 maio 2017

Florestas submersas


Quando ia assinalar os 19 anos do Oceanário de Lisboa (celebrados ontem), lembrei-me que nunca publicámos nada sobre a "nova" exposição temporária "Florestas Submersas".

E vale mesmo a pena visitar. Depois de entrar por um corredor que mostra as florestas tropicais,

chega-se a uma grande sala forrada de aquários de água doce.

Na sala quase só os aquários estão iluminados, em grande parte por luz natural, e o ambiente convida à tranquilidade.

Para além dos aquários existem também alguns "spots" interactivos, onde se podem ouvir os sons da floresta e dos seus animais.

Vale bem a pena a visita!
Mais aqui

16 maio 2017

Lagares Rupestres

Mais do que uma simples bebida alcoólica milenar, muito além de um simples produto mercadológico, o vinho é também sinónimo de ritual, de lazer, de boa companhia, de mistério a ser desvendado, de obra de arte, de dom divino e tantas outras concepções que podem derivar da relação íntima e única que cada apreciador, existente ao redor do planeta, é capaz de elaborar. Jornal "O Farroupilha" (RS), 04/06/2009
Deleitei-me com este livro, que já vai na 3ª Edição, de autoria de Adérito Medeiros Freitas, também ele o fotógrafo de serviço. Ainda bem que podemos constatar que uma Câmara Municipal, como a de Valpaços, bem no interior deste nosso país, decide apostar na divulgação do seu património mais íntimo: neste caso, lagares rupestres escavados na rocha. 
É fundamental preservá-los e evitar a sua profanação, já que são memórias de outros que, muito antes de nós, perceberam que o vinho era uma bebida realmente mágica. Espreitem aqui .

10 maio 2017

80 Anos! Parabéns Creoula e Santa Maria Manuela


Depois de longos anos na pesca do bacalhau estão agora, com esta linda idade, ao serviço da sociedade, dando a conhecer os mares ao cidadão comum.

07 maio 2017

Um passeio no montado (1)


Há uns anos no âmbito de um trabalho sobre Inovação em Meio Rural recomendaram-me que entrevistasse o Eng.º Francisco Almeida Garrett da Casa Agrícola das Herdades de Monte Novo e Conqueiro. Foi uma das entrevistas mais interessantes que fiz, quer pela simpatia e entusiasmo da pessoa que entrevistei (viram o documentário da BBC, "Forest in a Bottle"?) quer pela diversidade e complementaridade das produções e actividades, na maior parte dos casos cobrindo toda a cadeia de valor e, sobretudo, pelas diversas inovações introduzidas, de forma incremental e continuada.
Desta vez voltei lá num passeio organizado pela Montis. Além de valer pela paisagem, este "passeio da biodiversidade" visava conhecer um modelo de gestão produtiva num território localizado em Rede Natura.

A diversidade do montado aqui é notável, com sobreiros centenários e outros mais novos, áreas de matos e de pastagem, onde conseguimos ver corços e javalis, charcas, pequenas albufeiras e ainda galerias ripícolas que servem de abrigo a inúmeras aves.

O perigo de incêndio é uma das maiores preocupações (se é que não é a maior), levando mesmo a condicionar o acesso à propriedade em épocas críticas. Daí ser fundamental assegurar a gestão dos matos que aliás é feita de forma exemplar: em vez de utilizar grades de discos que são muito "eficientes" mas que não só deixam o solo demasiado descoberto, trazendo problemas de erosão e de redução do seu teor orgânico, como também podem destruir os sistemas de raízes superficiais dos sobreiros, o controlo é feito com recurso a corta-mato que com a ajuda do gado permite manter pastagens "biodiversas".

A diversidade das flores, dominada pelos rosmaninhos, era mesmo notável.

E até encontrámos alguns povoamentos bem conservados de halimium verticillatum, um endemismo lusitano que ocorre nas charnecas de montado.

Mas a propriedade não se limita ao montado. Olivais e vinha que dão origem a um azeite excelente e a vinhos muito agradáveis, pinheiro manso para a produção de pinhão, culturas de luzerna e produção pecuária (bovino mertolengo e porco preto), convivem com a produção de cortiça e ainda com actividades cinegéticas e com uma cultura inovadora de sobreiro de regadio. Mas essa história fica para mais tarde...