31 agosto 2021

Pontal da Carrapateira: os pescadores de antes e de agora

Ainda no percurso da Carrapateira, sabíamos que, na letra J, íamos encontrar o novo porto de pesca, provavelmente destinado a melhor as condições que já tinhamos mostrado aqui. Mas o mais interessante foi descobrir que neste local tinha existido, no século XII, um povoado islâmico de pescadores. Os trabalhos de arqueologia, dada a localização com grande visibilidade da faixa costeira, procuravam, inicialmente, uma torre de atalaia, que se integraria no sistema defensivo da zona, mas depararam afinal com esta estrutura urbana que, de facto, está num local lindo. Nas escavações, da responsabilidade de Rosa Varela Gomes, tal como as do Ribat da Arrifana de que também já vos falámos aqui, foram descobertas 14 estruturas habitacionais, constituídas por uma única divisão e dotadas de uma zona de fogo que não é habitual nestas estruturas árabes, e muitos artefactos de uso comum (cerâmicas) e de uso na pesca (anzóis, pesos de rede) e ainda restos de fauna marítima e terrestre. Foi inclusivamente encontrado um osso de baleia, cetáceo que seria abundante naquelas águas na época do Garb al-Andalus. O osso, com cerca de meio metro, teria sido usado como banco. O povoado, dedicado à exploração dos recursos marinhos, que seriam a principal fonte alimentar dos residentes e poderiam ainda servir como moeda de troca com produtos diferentes de outras regiões do interior, seria provavelmente sazonal e complementado com agricultura, ou seja dedicado a uma produção agromarítima frequente na costa algarvia. Todo o espólio do assentamento está exposto no Museu do Mar da Terra e da Carrapateira. Mais informação aqui.

28 agosto 2021

Pontal da Carrapateira: os efeitos da erosão

Os efeitos da erosão são espectaculares, tanto em terra, nas antigas dunas e nos medos, sulcados por linhas de água e mostrando os inúmeros coloridos associados a diferentes origens geológicas, como nas falésias costeiras, mostrando também as inúmeras camadas que aqui se foram sedimentado ao longo dos séculos.

26 agosto 2021

Pontal da Carrapateira: as falésias e os rochedos

As falésias são muito bonitas. Umas mais arenosas, provavelmente vestígios de antigas dunas, muito alteradas pela erosão do mar, da chuva e do vento, que originou grutas e plataformas que pareciam polidas... Outras eram mais coloridas, mostrando camadas de materiais bastante diferentes, e fazendo lindíssimos contrastes com a cor do mar, apesar de este não estar tão azul como costuma estar neste troço de costa.

24 agosto 2021

Pontal da Carrapateira: o percurso

O objectivo não era este, mas sim ir à Torre de Aspa e ao cabo de São Vicente. Só que quando nos aproximámos de Aljezur começámos a ver o céu enevoado e algum nevoeiro sobre o mar. E alterámos o destino para ir ao pontal da Carrapateira. Sabia que aquela zona estava agora integrada na Rota Vicentina, e que por isso teria uns passadiços, mas não estava à espera de um percurso tão estruturado. Não só estes passadiços estão mais bem implantados que outros ao longo da costa e permitem ver bastante bem as formas costeiras sem andar a pisar falésias e medos, mas também havia bastante informação sobre o que se via.
E o percurso pode ser feito confortavelmente a pé, de carro e de bicicleta.
Um dos pormenores interessantes era o das letras: junto à praia da Bordeira havia um grande C em ferro que achei que talvez significasse Carrapateira. Mas um pouco mais à frente estava um E, seria Este? não, ali até era a zona mais a Oeste do Pontal. E um pouco mais à frente estava o H. Aí começámos a achar que seriam pontos assinalados por ordema alfabética, embora não tivéssemos visto o A, o B, o D, o F e o G.
Estas letras têm textos gravados que contam um pouco o que se vê. E o H parece ter tido um "código QR" mas se teve foi-se com a maresia.
Resolvemos estar com atenção e, de facto, um pouco mais à frente estavam o I e o J e concluímos que o percurso terminava no K, junto à praia do Amado, que se pode ver ao fundo.
Só quando estive a investigar o que seria o percurso, e as respectivas letras, é que percebi que estão ligados ao Museu do Mar e da Terra da Carrapateira que, pela informação do site (ver aqui), merece também ser visitado. Ficará para uma próxima...

17 agosto 2021

Os 50 anos do PNPG (5)

Já em Fafião tive mais sorte na visita ao Fojo do Lobo. Este é um pouco mais pequeno mas muito bem conservado. Nesta zona é também espantosa a diversidade da vegetação,
quer a que povoa, de forma inimaginável, as paredes rochosas, quer a dos lameiros, onde se encontram vestígios de espécies mediterrânicas. E por fim as ribeiras, que se precipitam entre caos de rochas, para depois dar origem a pequenas lagoas.

08 agosto 2021

Ria de Faro: e o sapal

O sapal é muito mais do que uma zona lodosa localizada entre a oscilação das marés. É espantosa a diversidade da vegetação, que vai variando ao longo do ano, chegando mesmo a ter flores bem coloridas.

05 agosto 2021

Ria de Faro: as salinas (II)

Nalguns dos tanques com maior evaporação o sal grosso acumula-se e também permite imagens interessantes. O "mosaico" abaixo quase que se parece com uma das paredes das minas de sal-gema que já mostrámos aqui

03 agosto 2021

Ria de Faro: as salinas (I)

A Sul do aeroporto de Faro, e junto do Centro do Ramalhete (foto de baixo) do CCMAR (Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve), há um conjunto muito interessante de salinas. No Centro do Ramalhete estão localizados tanques e aquários destinados à produção e investigação de organismos marinhos: por exemplo são aqui criados cavalos marinhos destinados à reintrodução no ambiente natural. Penso que as salinas têm também fins científicos, pelo menos já por lá passei várias vezes e nunca vi fazerem extracção- Mas são muito fotogénicas, com uns tanques ainda com água, outros mais secos, e também pela proximidade do sapal.