24 novembro 2018

Namíbia - Walvis Bay (I)

Retemperados com o café e a tarte de maçã em Solitaire, voltámos ao deserto para, uns quantos quilómetros depois, pararmos no local onde passa a linha do Trópico de Capricórnio. Com uma placa cheia dos mais diversos tipos de autocolantes, alguns bem engraçados, acaba por ser um registo para ficar na nossa memória...   
Embora tivéssemos arrendado um apartamento em Swakopmund, modalidade "airbnb", já que queríamos visitar a cidade, o nosso primeiro objectivo era Walvis Bay, onde tínhamos agendada, para o dia seguinte, uma viagem de catamaran pela baía e arredores, assim como, à tarde, uma expedição de jipe ao cordão dunar, junto ao mar, ligeiramente a Sul da cidade.
Ao darmos uma primeira volta de reconhecimento, acabámos numa praia deserta, já no extremo esquerdo da baía, onde tivemos o primeiro contacto com lobos-marinhos; estes, em número de três ou quatro, divertiam-se a surfar as ondas, mesmo ali à nossa frente...
Uma verdadeira delícia de se ver e uma certa inveja de não podermos fazer o mesmo, já que a água é bastante fria e os fatos isotérmicos tinham ficado em Lisboa.
Um pouco mais ao lado, mas no interior, junto às salinas existentes ali à volta, uma população de alguns milhares de flamingos. A lagoa é natural, rodeada de enormes dunas de areia alaranjada, proporcionando um espectáculo notável; disseram-nos depois que, pelo facto de ser Inverno e estar mais frio, sobretudo à noite, as aves deslocam-se em grande número para outras paragens. No entanto, para nós, o enquadramento foi perfeito!
Como já era tarde e precisávamos de pernoitar, dirigimo-nos para Swakopmund, que dista apenas cerca de 30 km de Walvis Bay. No dia seguinte, pela manhã, cedo, voltámos e chegámos ao porto de mar, onde estava programado o encontro para a expedição no dito catamaran.
Sendo o principal porto da Namíbia e um dos centros turísticos mais populares do país, Walvis Bay parece ser uma cidade próspera. O seu nome deriva de "Whale Bay" (Baía das Baleias) e, chegados ao local, os vestígios destes enormes mamíferos estão por todo o lado. Para além dos operadores dos catamarans, podem ver-se restaurantes simpáticos e lojas de souvenirs ligados à Namíbia marítima, tudo construído em madeira e maioritariamente assente em estacas, a entrar pelo mar...

19 novembro 2018

Ilha de Duiker: santuário dos lobos marinhos


A ilha (ilhéu) de Duiker fica logo depois de se sair da baía de Hout em direcção a Norte. A visita demora menos de uma hora entre o embarque e o desembarque no porto e junto dos cais vêem-se alguns destes animais.

Quando nos aproximamos percebemos que os rochedos estão pejados de lobos marinhos

e vêem-se também bastantes dentro de água mergulhando à procura de peixe.

O folheto que nos dão quando compramos a visita explica que a maioria dos lobos-marinhos-do-cabo (Arctocephalus-pusillus, eles chamam-lhes fur seals, ou seja "focas com pêlo") que se encontram neste ilhéu são machos jovens entre os 8 meses e a idade de reprodução.

O ilhéu por estar bastante desabrigado não é uma colónia de reprodução, sabendo-se, através de animais marcados, que estes provêm e regressam a colónias na costa da África do Sul e mesmo da Namíbia, percorrendo alguns 1 600 m até Cape Cross, na Namíbia.

A população da ilha de Duiker atinge o seu máximo, cerca de 5 mil lobos marinhos, entre Janeiro e Março. Nessa altura é a época da muda de pelo e os animais não se alimentam vivendo das gorduras acumuladas.

11 novembro 2018

Victoria Falls: as cataratas vistas do ar


Outra forma bastante interessante de ver as cataratas é a partir do ar.

Há (pelo menos) uma empresa que faz saídas de helicóptero para visualizar as cataratas com voos de 15 minutos que cruzam por cima das quedas de água (linha encarnada na foto de baixo) e outros um pouco mais longos que sobrevoam mais algumas das gargantas do rio Zambeze (linha azul na foto)

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Neste voo fica-se com uma melhor noção da dimensão da linha de cataratas e da altura da queda,

e também dos desfiladeiros do rio Zambeze a jusante das cataratas.

De acordo com a história geológica "recente" de Victoria Falls, o planalto de basalto, sobre o qual corre o rio Zambeze, tem grandes fissuras preenchidas por arenito mais facilmente erodível. As fissuras maiores têm uma orientação aproximadamente Leste-Oeste e estão ligadas por fissuras menores com orientação Norte-Sul. A erosão destas fissuras durante os últimos 100 mil anos foi dando origem a várias posições das cataratas, que vão caminhando para montante.
O rio Zambeze já começou a abrir o acesso à futura linhas de cataratas num dos lados da catarata do Diabo (Devil’s Cataract).

Na figura abaixo estão assinaladas anteriores localizações das cataratas (linhas 1 a 7), a actual localização (linha azul) e as duas mais prováveis localizações futuras (linhas ponteadas a amarelo).

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Na foto de baixo vê-se a zona alagada a montante das cataratas, percebendo-se também onde poderão vir a localizar-se no futuro.

Mais sobre Victoria Falls aqui e sobre a sua história geológica aqui.

03 novembro 2018

Namíbia - Solitaire

Saídos de Sossusvlei / Sesriem em direcção à costa, mais ou menos a meio caminho, encontramos Solitaire, um pouco abaixo do Trópico de Capricórnio. 
Este local remoto, no meio do nada, situa-se na periferia do Parque Nacional Namib-Naukluft. Há dezenas de anos que esta é uma paragem realmente bem-vinda para quem atravessa o deserto e vai em direcção a Walvis Bay / Swakopmund ou vice-versa. Ficámos por lá umas duas horas...
O dono dos estabelecimentos existentes é português e, como tal, ofereceu-nos de imediato um café «expresso», sabendo que qualquer um de nós suspirava por um, decente, há uns tempos. Aqui, não só se pode descansar, como também comer a tarte de maçã mais famosa da Namíbia na «McGregor's Bakery».
Entre Sossusvlei e a costa, esta é a única aldeia que possui combustível e posto de correios, para além de apoio mecânico, comida, água e alojamento, já que possui um lodge e uma quinta destinados a viajantes que queiram usufruir de uma estadia mais prolongada por estas paragens: Solitaire Lodge
Toda a envolvente está decorada com carcaças dos mais variados veículos e até uma antiga bomba de abastecimento de gasolina lá encontrámos. 
Estamos no deserto e a contabilização da precipitação serve para demonstrar isso mesmo. Em 2017 choveram na região 116 mm, mas, em 2016, foram somente 68...