25 junho 2019

Company's garden: um jardim que é de todos


"Respeite aqueles que trabalharam para construir e desenvolver o nosso país e (Acredite que a África do Sul pertence a todos os que nela vivem, unidos na nossa diversidade)"
Esta frase é do preâmbulo da Constituição da África do Sul e está gravada (bem como outros extractos) numa das entradas do Jardim da Companhia.
Nessa entrada está também um arco - o Arch for Arch - erguido em homenagem ao Arcebispo (Archbishop) Desmond Tutu.

Num dos lados do jardim, perto do Arco, localiza-se a Catedral de St. George, conhecida como a "catedral do povo" porque manteve sempre as portas abertas para as pessoas de todas as raças durante o apartheid. Foi também aqui que Desmond Tutu liderou uma manifestação com 30 mil pessoas em 1989.

O que é certo é que uma das estátuas do jardim é a de Cecil Rhodes, que apesar de odiado por muitos, nomeadamente por acreditar que a raça anglo saxónica era "a primeira raça do mundo" e pelas formas pouco ortodoxas como colonizou uma grande parte da África subsahariana, faz parte daqueles que trabalharam para construir e desenvolver a África do Sul e por isso deve ser respeitado.

No topo oposto à entrada do Arco está (por enquanto) o museu Iziko da África do Sul, mas essa é uma história que contarei mais tarde,

e, dominando tudo, a "Montanha da Mesa" que será também objecto de outro artigo.

15 junho 2019

Company's garden: abastecimento de frescos aos navios


No coração da cidade do Cabo existe um jardim histórico: o jardim da Companhia que alberga também um jardim de vegetais.
(clique para aumentar)
Este jardim foi criado na sequência do naufrágio no navio holandês Haarlem que ocorreu em 1644 próximo da cidade do Cabo. Parte da tripulação instalou-se junto de uma ribeira e plantou as sementes que traziam a bordo. Os vegetais colhidos permitiram-lhes reforçar a comida que negociavam com as populações locais.
Quando foram salvos e regressaram à Holanda dois dos sobreviventes sugeriram à Companhia Holandesa da Índia de Leste (Vereenigde Oostindische Compagnie) que criasse uma base de abastecimento de frescos nesta zona. E assim Jan van Riebeeck, comandando os navios Drommedaris, Reiger e Goede Hoop, foi enviado para a cidade do Cabo onde chegou em Abril de 1652, com a missão de encontrar os melhores terrenos para criar um jardim de vegetais e árvores de fruto.

A pereira da fotografia abaixo (que já precisa de "ajuda" para se manter de pé) foi plantada nessa altura.

O chefe jardineiro Hendrik Boom criou também um jardim de ervas e plantas medicinais e mandou plantar árvores ornamentais e flores.

A alameda abaixo é a mais antiga avenida da cidade do Cabo e o jardim, agora rodeado de prédios é muito frequentado pelos habitantes locais.

Numa das orlas do jardim localiza-se o edifício que alberga durante metade do ano o Parlamento da África do Sul.

06 junho 2019

Dois novos leões na Gorongosa


Gosto muito da picada do Urema (ver aqui). A seguir ao Mussicadzi e ao pôr do sol no Sungué é um dos percursos que gosto sempre de fazer. Ao contrário dos guias que torcem sempre o nariz: é verdade que a picada é mais longa que as outras e que no troço inicial não se vêem muitos animais, mas (opinião minha) os que se vêem são sempre interessantes. E a parte final, que corre junto ao rio, é verdadeiramente bonita.
Como desta vez as picadas mais próximas do lago Urema estavam ainda alagadas, lá consegui convencer o guia a fazermos a picada e depois virávamos para a 7 (não se conseguia chegar à 11) para tentar ver búfalos ou elefantes.
Mesmo assim, depois de termos visto uma família de pala-palas (Hippotragus niger) com adultos e crias, um elefante e um grupo de gondongas (Alcelaphus buselaphus lichtensteinii), ele continuava a dizer "it's a long road…". E de repente "leão!!!". Estava um leão parado na estrada!


Começámos a aproximar-nos devagarinho e o leão entrou para o mato. Quando estávamos mais perto, e percebemos que estavam restos de uma caçada no meio da estrada, o leão sai decididamente na nossa direcção. Uups… era um leão desconhecido, relativamente jovem e por isso potencialmente agressivo, e o carro um carro aberto pelo que recuámos devagarinho até ele parar.

E a seguir sai mais um do mato que se aproximou do primeiro.

Ainda se pegaram um com o outro: se calhar não estavam de acordo sobre o que fazer relativamente à nossa presença.

Depois de "conferenciarem" resolveram deitar-se no meio da estrada e por lá ficaram sem vontade nenhuma de deixar a presa ao nosso alcance.

E nós, como não podíamos passar, demos meia volta, avisámos o guia chefe (pouco depois foram à procura dos leões, desta vez com um carro fechado ;) ) e voltámos a fazer a "long road".