Tem a sua graça, sobretudo na parte inicial em que o touro ainda não se sente incomodado pela tal da corda.
São só cerca de 270 por ano (mais coisa menos coisa), o que quer dizer que, como têm lugar na altura das festas, há várias por dia em vários locais da ilha.
Enchem as ruas das aldeias, bem entaipadas para o efeito, mas convém estar bem alto porque de vez em quando o touro atreve-se a saltar os muros!
Depois, como em todo o lado, há sempre uns fanfarrões que se põem no meio da rua com ar de quem não é nada com eles mas é vê-los a fugir ainda o touro vem longe.
2 comentários:
A corrida de Homens á marrada na Ilha Terceira é um lado da evolução a la Darwin:
Se deixarem duas espécies, como a minha e a dos homens, isoladas passam a ter comportamentos que lhe são únicos.
Na Ilha Terceira organizamos estas corridas.
O objectivo da corrida é o de eu marrar no maior número de homens.
Os homens evoluiram este gosto e organizam por ano, para mim, centenas destas corridas.
Tive que lhes dar algumas vantagens para a corrida ser justa: por exemplo, deixar que eles se julguem inteligentes. Por exemplo, deixo-os atar-me uma corda. Ùltimamente, acrescentaram mais uma dificuldade. O chão que era de uma terra honesta é agora de asfalto. Perco muito de mim em atenção para não escorregar. Uma coisa também é certa. Firmo-me melhor para saltar. Mas no todo eram vantagens justas.
Suponho que como tudo, a corrida de Homens à marrada na Ilha Terceira jà não é o que era.
Eu sei que os homens têm que fugir quando me vêm. Eu sei que mal estes meus olhos pestanudos os fixam eles tremem. Eu sei do medo que lhes corre quando eu me aproximo ainda que a passo. Mas, francamente, eu tenho que marrar em algum. E os que me escorregam à frente não contam. Fui educada em principios!
Noutros tempos com mais mar e vinho ainda ficavam por perto. Noutros tempos ainda se dominavam, às vezes, por amor, digo eu (que os touros também fazem isso, coitadinhos) por amor às mulheres deles.
Agora desde que sopram no balão. Desde que vão para o jardim infantil em vez de andarem à canelada na rua. Agora que vivem na creche até aos quarenta anos. Agora é uma maçada!
Fogem ainda só me cheiram. Correm se me enxergam. Trepam! Já me viram!
Quando à noite volto à manada do que é que falo? Uma, vá lá, de vez em quando, muito de vez em quando, duas marradas.
Noutros tempos chegava-se com os cornos levantados. Com orgulho nas hastes. E as hastes sem maquilhagem! Homens marrados nem era assunto de conversa. Só se punha aritmética nos espezinhados e nos que tinham ido parar à enfermaria.
Era no tempo das verdadeiras corridas de Homens à marrada na Ilha Terceiraa.
Hoje. Bem, hoje, só os cuidados que eu tenho que pôr para os pastores não desandarem deixa-me dores de cabeça.
A meu ver para bem da perservação do equilíbrio ecológico da Ilha, os homens só deveriam ser autorizados a fugir quando a menos de três metros dos meus enfeites ósseos(devo dizer que há uns bois que os adoram). Os enfeites não deviam estar maquilhados com cortiça. Em pontinhas é que são lindos. Se assim não for feito não sei o que acontecerá à sustentabilidade da vida harmoniosa das nossas espécies na Ilha Terceira.
Aproveito, aliás, a oportunidade que este blog me dá para achamar a atenção das autoridades para o definhamento da vossa raça e também alerto o movimento ecologista mundial para o ataque feroz que os homens estão a fazer à corrida dos Homens à marrada na Ilha Terceira orgulho da evolução conjunta da duas espécies nesta Ilha da realidade fantástica do Oceano Atlântico, não nos deixando marrar convenientemente!
Oh vaquinha presunçosa! quem te ouvisse (ou melhor, quem te lesse!) ainda ficaria a pensar que tu alguma vez te meteste nestas brincadeiras da marrada ao homem. Ouviste contar certamente a algum dos teus irmãos ou dos teus primos, ou então era o teu pai que te contava quando te custava a dormir. Até porque tens razão nalgumas coisas do que dizes, quem te contou não te enganou. MAS NÃO ENGANES TU OS OUTROS! alguma vez já se viu uma vaquinha numa coisa destas! isto é para gado bravo! para Toiros à séria! Havia de te ver lá, levavas cá um baile!
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