Esta zona do estuário do Tejo é muito bonita. E tão perto de Lisboa e tão pouco conhecida. Provavelmente ainda bem. Então e os flamingos? Não andavam por ali?
os flamingos tinham ido de fim de semana!!! estás a ver aquelas manchinhas na água lá ao fundo? são eles... tenho que ir lá com maré cheia, com a maré baixa eles ficam muito longe
Concordo com o comentário que fez sobre o arrastão "Almourol" no 'Nós e o Mar'. O Castelo é muito mais bonito, dá descanso à alma e ao espírito. O "Almourol" navio, era de trabalho, embora tivesse uma belíssima fotografia do Castelo no salão dos oficiais. Durante as refeições ficavamos pasmados a olhar para ela, que nos transmitia ânimo e serenidade para continuarmos na faina.
Tem toda a razão. Na imensidade do mar azul, com ausências de terra, às vezes de mês e meio, no mínimo, qualquer imagem nos dá coragem para continuar. O meu record de mar são 91, sim 91 dias sem ver terra, a pescar sob todas as condições de tempo.Bom tempo, mau tempo, gelo e névoa. A propósito, tenho outro record. 26 dias de névoa sem ver a proa do navio com quarenta a sessenta navios a arrastar junto de mim, com o radar na esacala das doze milhas. É evidente que trabalhávamos na escala das três milhas ou na da milha e meia. Não havia radares bright display, o que nos obrigava a estar seis horas com a cabeça enfiada no capuz de borracha do radar, muito menos com North Up e nem pensar em ARPAS. Para além dos navios tinhamos de safar os aparelhos de pesca que eram +/- mil e duzentos metros de cabos e redes pela popa. Percebam agora porque algumas vezes sou tão "azedo" a fazer alguns comentários.
seria incapaz... gosto mais de navegar indo de porto em porto... ajudei a trazer um barco de Brest para Lisboa, desde Sein até ao Finisterra foram 3 dias sem ver terra, cada vez que víamos um navio fazíamos uma festa!! mas era um veleiro pequeno, 12 metros... quando fui aos Açores no Creoula, 5 dias no mar, já foi diferente... éramos muitos, era um navio... mas não sei se aguentaria muito mais dias..
mas também não tínhamos radar! no Finisterra íamos tocando o sino... e para entrar em Baiona foi a razar as Cies e a tirar pontos de minuto a minuto com o GPS!!
Cara Garina do Mar: Com o GPS é pão com manteiga e tostas. Fiz várias entradas e saídas de portos, progamando o GPS. Way Points marcados,com avisos de mudança de rumo chegando ao next WP e com uma margem de segurança, por mim determinada de 1 ou 2 cables (décimos de milha), em que ele apitava para informar que estávamos fora da rota de segurança pré-definido, ou por correntes de água, por vento ou por mau governo. O GPS veio revolucionar a navegação. Até já há relógios com o tal dito GPS (global position sistem) incorporado. É uma ajuda brutal à navegação, mas nunca nos podemos esquecer de todos os outros meios de navegação. Se o GPS falha como é?
E se não houvesse GPS? Alguém sabia fazer marcações taximétricas com a agulha? Variação total: Declinação magnética +/- desvio da agulha. A declinação vem na carta de navegação e o desvio da agulha tem de ser calibrado. É fácil, não custa nada e fazem-se marcações à terra com uma agulha magnética, desde que calibrada. Só é preciso um aparelho azimutal.
tínhamos agulha de marcar... e sextante!! mas com nevoeiro não servem para nada.. mas tínhamos dois GPS apesar de na altura ainda eram muito rudimentares!! e ainda tinham aquele erro de precisão... não foi fácil.. tínhamos o rádio a fazer de gónio para dar uma ajuda mas íamos marcando os pontos na carta sistematicamente para despistar os erros.. depois foi divertido, mas na altura era um bocadinho assustador
Abençoada Garina do Mar, porque sabe navegar. Embora muito boa gente diga que o rádiogoniómetro está completamente ultrapassado eu discordo. Em 1983 era eu comandante do "Praia do Restelo" avariou-se tudo quanto era ajudas electrónicas de navegação e pesca. Radares népia, sondas pesquisadoras népia,satélite, ainda não havia GPS, népia, girobussola népia, Decca népia. Só tinha a agulha magnética e a roda do leme. Fui forçado a arribar a Cape Town para reparações da electrónica. Dos pesqueiros mais a Sul ao Cabo são cerca de 30/40 horas de navegação e a maior parte foi de noite. Valeu-me o rádio goniómetro. Sintonizei a estação de rádio de C. Town e enfiei-lhe a proa. Cheguei à Cidade do Cabo certinho e direitinho e entrei de madrugada sem novidade. Ainda hoje isto é lembrado pelas pessoas de C. Town que trabalhavam com os navios de pesca portugueses. Infelizmente tudo acabou.
não sei se ainda sei... ainda há não muito tempo foi o bom e o bonito para nos lembrarmos como é que se calculava a hora da passagem do sol pela meridiana.. acabámos por lá chegar mas já ninguém se lembrava como é que se convertia a longitude em tempo!! mas já por duas vezes tivemos que usar o gónio e uma nem era radio goniómetro, era mesmo um rádio daqueles portáteis só que captava a frequência dos faróis.. uma foi esta nas Cies e a outra em S. Vicente numa regata para o Algarve.. mas deve ser por isso que eu nestas viagens levo sempre os livros e os apontamentos.. nunca se sabe se não é preciso refrescar ideias!
mas já vi que andou muito pelo hemisfério sul... alguma vez foi até Moçambique?
Não. Infelizmente nunca fui a Moçambique. Em 1994 vinha do Japão, Coreia do Sul e Hong Kong com destino a Angola e recebi um telex da companhia para ir à Beira carregar semente de trigo para Angola. Veja bem a ironía dos factos. Carregar sementes de trigo de Moçambique para Angola!. Em pleno Índico, fiz rumo para a Beira, mas passados dois dias recebi nova msg para ir directo para Cape Town carregar contentores para Luanda. Conheço C. Town melhor do que Aveiro. Quer pelas estadias nos navios de pesca , quer pela carreira regular entre os portos de Angola, Walvis Bay e C. Town e também pelos 4 meses que lá estive arrestado. Modéstia à parte, conheço praticamente, entenda-se, quase todo o mundo, mas para mim C. Town é uma das cidades mais bonitas deste planeta.Tenho muitas fotografias e também muitos bons amigos. A minha mulher esteve lá comigo um mês em 1988, era eu comandante do "Ilhavense" Ex-"Altair" que ficou arrestado e tive de lá estar quatro meses "preso". Felizmente tudo acabou em bem.
ainda bem que acabou tudo em bem.. mas essas coisas não são nada simpáticas, sobretudo porque não se sabe quando é que se resolvem!!
mas é pena não ter ido à Beira, apesar de que em 94 aquilo não estava muito bem por lá.. agora já está bem melhor.. mesmo o porto perdeu um bocado por causa do Zimbabwé (ou como é que aquilo se chama agora) mas depois fizeram uma concessão para contentores e recuperou alguma coisa
eu acho que aquilo está uma confusão cada vez maior!! quer de casas quer de ruas e estradas e estradinhas e rotundas... o costume!! mas para ir à RNET não se tem que entrar na confusão e mesmo para ir às Hortas só se passa por aquela coisa que para lá fizeram em cima da ZPE!!
16 comentários:
Esta zona do estuário do Tejo é muito bonita. E tão perto de Lisboa e tão pouco conhecida. Provavelmente ainda bem.
Então e os flamingos? Não andavam por ali?
os flamingos tinham ido de fim de semana!!! estás a ver aquelas manchinhas na água lá ao fundo? são eles... tenho que ir lá com maré cheia, com a maré baixa eles ficam muito longe
Concordo com o comentário que fez sobre o arrastão "Almourol" no 'Nós e o Mar'.
O Castelo é muito mais bonito, dá descanso à alma e ao espírito.
O "Almourol" navio, era de trabalho, embora tivesse uma belíssima fotografia do Castelo no salão dos oficiais. Durante as refeições ficavamos pasmados a olhar para ela, que nos transmitia ânimo e serenidade para continuarmos na faina.
o que uma fotografia pode fazer... às vezes nem tem que ser muito boa para nos fazer sonhar!!
Tem toda a razão.
Na imensidade do mar azul, com ausências de terra, às vezes de mês e meio, no mínimo, qualquer imagem nos dá coragem para continuar.
O meu record de mar são 91, sim 91 dias sem ver terra, a pescar sob todas as condições de tempo.Bom tempo, mau tempo, gelo e névoa. A propósito, tenho outro record. 26 dias de névoa sem ver a proa do navio com quarenta a sessenta navios a arrastar junto de mim, com o radar na esacala das doze milhas. É evidente que trabalhávamos na escala das três milhas ou na da milha e meia. Não havia radares bright display, o que nos obrigava a estar seis horas com a cabeça enfiada no capuz de borracha do radar, muito menos com North Up e nem pensar em ARPAS. Para além dos navios tinhamos de safar os aparelhos de pesca que eram +/- mil e duzentos metros de cabos e redes pela popa. Percebam agora porque algumas vezes sou tão "azedo" a fazer alguns comentários.
seria incapaz... gosto mais de navegar indo de porto em porto...
ajudei a trazer um barco de Brest para Lisboa, desde Sein até ao Finisterra foram 3 dias sem ver terra, cada vez que víamos um navio fazíamos uma festa!! mas era um veleiro pequeno, 12 metros...
quando fui aos Açores no Creoula, 5 dias no mar, já foi diferente... éramos muitos, era um navio... mas não sei se aguentaria muito mais dias..
mas também não tínhamos radar! no Finisterra íamos tocando o sino... e para entrar em Baiona foi a razar as Cies e a tirar pontos de minuto a minuto com o GPS!!
Cara Garina do Mar:
Com o GPS é pão com manteiga e tostas.
Fiz várias entradas e saídas de portos, progamando o GPS.
Way Points marcados,com avisos de mudança de rumo chegando ao next WP e com uma margem de segurança, por mim determinada de 1 ou 2 cables (décimos de milha), em que ele apitava para informar que estávamos fora da rota de segurança pré-definido, ou por correntes de água, por vento ou por mau governo.
O GPS veio revolucionar a navegação. Até já há relógios com o tal dito GPS (global position sistem) incorporado. É uma ajuda brutal à navegação, mas nunca nos podemos esquecer de todos os outros meios de navegação. Se o GPS falha como é?
E se não houvesse GPS?
Alguém sabia fazer marcações taximétricas com a agulha?
Variação total: Declinação magnética +/- desvio da agulha.
A declinação vem na carta de navegação e o desvio da agulha tem de ser calibrado.
É fácil, não custa nada e fazem-se marcações à terra com uma agulha magnética, desde que calibrada. Só é preciso um aparelho azimutal.
tínhamos agulha de marcar... e sextante!! mas com nevoeiro não servem para nada.. mas tínhamos dois GPS apesar de na altura ainda eram muito rudimentares!! e ainda tinham aquele erro de precisão... não foi fácil.. tínhamos o rádio a fazer de gónio para dar uma ajuda mas íamos marcando os pontos na carta sistematicamente para despistar os erros..
depois foi divertido, mas na altura era um bocadinho assustador
Abençoada Garina do Mar, porque sabe navegar.
Embora muito boa gente diga que o rádiogoniómetro está completamente ultrapassado eu discordo.
Em 1983 era eu comandante do "Praia do Restelo" avariou-se tudo quanto era ajudas electrónicas de navegação e pesca.
Radares népia, sondas pesquisadoras népia,satélite, ainda não havia GPS, népia, girobussola népia, Decca népia. Só tinha a agulha magnética e a roda do leme. Fui forçado a arribar a Cape Town para reparações da electrónica.
Dos pesqueiros mais a Sul ao Cabo são cerca de 30/40 horas de navegação e a maior parte foi de noite.
Valeu-me o rádio goniómetro. Sintonizei a estação de rádio de C. Town e enfiei-lhe a proa.
Cheguei à Cidade do Cabo certinho e direitinho e entrei de madrugada sem novidade.
Ainda hoje isto é lembrado pelas pessoas de C. Town que trabalhavam com os navios de pesca portugueses.
Infelizmente tudo acabou.
não sei se ainda sei... ainda há não muito tempo foi o bom e o bonito para nos lembrarmos como é que se calculava a hora da passagem do sol pela meridiana.. acabámos por lá chegar mas já ninguém se lembrava como é que se convertia a longitude em tempo!!
mas já por duas vezes tivemos que usar o gónio e uma nem era radio goniómetro, era mesmo um rádio daqueles portáteis só que captava a frequência dos faróis.. uma foi esta nas Cies e a outra em S. Vicente numa regata para o Algarve..
mas deve ser por isso que eu nestas viagens levo sempre os livros e os apontamentos.. nunca se sabe se não é preciso refrescar ideias!
mas já vi que andou muito pelo hemisfério sul... alguma vez foi até Moçambique?
Não. Infelizmente nunca fui a Moçambique. Em 1994 vinha do Japão, Coreia do Sul e Hong Kong com destino a Angola e recebi um telex da companhia para ir à Beira carregar semente de trigo para Angola. Veja bem a ironía dos factos. Carregar sementes de trigo de Moçambique para Angola!.
Em pleno Índico, fiz rumo para a Beira, mas passados dois dias recebi nova msg para ir directo para Cape Town carregar contentores para Luanda.
Conheço C. Town melhor do que Aveiro. Quer pelas estadias nos navios de pesca , quer pela carreira regular entre os portos de Angola, Walvis Bay e C. Town e também pelos 4 meses que lá estive arrestado.
Modéstia à parte, conheço praticamente, entenda-se, quase todo o mundo, mas para mim C. Town é uma das cidades mais bonitas deste planeta.Tenho muitas fotografias e também muitos bons amigos.
A minha mulher esteve lá comigo um mês em 1988, era eu comandante do "Ilhavense" Ex-"Altair" que ficou arrestado e tive de lá estar quatro meses "preso". Felizmente tudo acabou em bem.
ainda bem que acabou tudo em bem.. mas essas coisas não são nada simpáticas, sobretudo porque não se sabe quando é que se resolvem!!
mas é pena não ter ido à Beira, apesar de que em 94 aquilo não estava muito bem por lá.. agora já está bem melhor.. mesmo o porto perdeu um bocado por causa do Zimbabwé (ou como é que aquilo se chama agora) mas depois fizeram uma concessão para contentores e recuperou alguma coisa
Gosto muito deste Alcochete! espero que se continui a manter, apesar da construção por lá já começar a assustar...
eu acho que aquilo está uma confusão cada vez maior!! quer de casas quer de ruas e estradas e estradinhas e rotundas... o costume!! mas para ir à RNET não se tem que entrar na confusão e mesmo para ir às Hortas só se passa por aquela coisa que para lá fizeram em cima da ZPE!!
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