24 novembro 2007

O Creoula e os dóris

O Creoula, na sua nova função de navio de treino de mar, leva 2 pilhas de dóris a meio navio, uma em cada bordo. Estes dóris no entanto eram meramente decorativos e não tinham "condições" para se poder neles navegar. Até que, há pouco mais de 2 anos, numa estadia em Ílhavo, se lembraram de aproveitar a "arte" de um dos últimos construtores de dóris ainda existentes e mandaram construir um dóri "dos verdadeiros"!
E aqui está ele, no topo da pilha, exibindo em cada porto, a sua vela enrolada no mastro, os remos, e uma "amostra" de alguns dos "aprestos" que levava habitualmente para o mar:
o balde do isco,
a âncora flutuante,
um "cesto" com o espinhel (as linhas e anzóis já enfiados),
o vertedouro e o antepassado do "megafone" que permitia "chamar" o navio em situações de nevoeiro ou de mar cavado.

Quem quiser saber mais pode sempre ler "Um Pequeno Herói. O Dóri dos Bancos. Bote dos Bacalhoeiros", do Capitão Marques da Silva, numa lindíssima edição do Museu de Marinha.

16 comentários:

Anónimo disse...

Bem Vinda a bordo!A temperatura da água nesta altura, no hemisfério Norte não é muito convidativa a grandes mergulhos por isso este "passeio" no DÓRI vem mesmo a calhar!Parabens por recordar este Herói tantas vezes esquecido mas não menos importante na nossa história e cultura marítima.Obrigado por te lembrares dele porque ao mesmo tempo estás a prestar uma homenagem aos Homens que diariamente arriscavam a vida dentro desta minúscula casquinha, nos Mares gelados,para garantirem o sustento das suas famílias,OBRIGADO.JC.

garina do mar disse...

bem...
quem faz a homenagem é o Creoula!! de cada vez que mostra pelo mundo fora os dóris tal como eram...
e o meu amigo Capitão Marques da Silva que escreve estes livros lindos não deixando que se perca a história da pesca do bacalhau!!

ah... e por acaso estou a pensar ir mergulhar amanhã nas águas frias do hemisfério norte!! a aproveitar que ainda não arrefeceram muito! e apesar de não gostar do frio não sou friorenta ;) (isso é para o Nautilus)

Laurus nobilis disse...

E estiveram muito bem ao
lembrarem-se de mais esta achega, deveras importante; é que os Dóris foram os principais companheiros dos homens na faina e, é fundamental que também esta componente da epopeia não seja esquecida!

garina do mar disse...

é uma grande verdade!!! até porque os dóris eram os verdadeiros barcos da pesca...

Anónimo disse...

Penso que sejam os pequenos barcos que os pescadores dos bacalhoeiros usavam para depois pescar à linha...que é algo que não imaginava que acontecesse, sairem do barco grande e ficarem ali tão expostos...

garina do mar disse...

tal qual!!! e quando corria bem, enchiam-nos de tal maneira que a borda ficava a rasar a água, às vezes com ondas maiores que eles...

dá para perceber porque é que eram uns heróis!!

Anónimo disse...

Visitar estes blogs sobre o mar, em especial os que recordam os tempos da nossa frota bacalhoeira, tem sido uma lição de vida para mim.
Menina da cidade e algo snob achava que os pescadores e embarcados seriam pessoas que cheiravam a peixe. Agora tenho oportunidade de apreciar como são cultos e como o estudar, só numa Universidade, não é rigorosamente nada quando comparado com a Escola de Vida que tiveram.A minha homenagem!

Anónimo disse...

... fora os cursos que fizeram etc etc...

A VER NAVIOS disse...

Fotografias lindas da palamenta de um dóri da pesca do bacalhau, onde se pode ver um cesto com o trole e as nepas, a bancada de vante com o burado, enora, para entrar o mastro que é fixo no fundo do bote na carlinga, um remo com a pinha de anel de três, que serve de batente na forqueta. A bancada assento do remador/pescador e encostado por vante a antepara do quete, para melhor arrumação do peixe e facilitar ao capitão a quantidade de peixe pescado pelo pescador. Um vertedouro e um par de polainas em couro para proteger as canelas do pescador da água salgada. A vela colhida, uma âncora flutuante, uma forqueta com o seu fiel amarrado à sarreta, para a forqueta não se perder. No alcatrate de EB o bronze onde se mete a forqueta e por fim um porta-voz, para chamar pelos outros botes ou pelo navio, quando por perto.

Nautilus disse...

Cursos cara Swt? Cursos dão-nos estes senhores a nós.

Já viu esta "dissertação" (será de mestrado?) sobre como era aparelhado o dóri?
Obrigado caro A Ver Navios.
Consigo estamos sempre a aprender :)

Tens aqui umas fotos muito interessantes Miúda. E creio que o JC tem razão. Ao trazeres estas "lembranças" para aqui, estás também a contribuir para uma homenagem bem merecida aos Homens que corriam perigo nestas "cascas de noz".

Anónimo disse...

Tanto vi a dissertação sobre como era aparelhado o dóri, que voltei a ver as fotos, porque para a minha vista tinha-me parecido que estavam quase vazios...imagine-se: quem não sabe é como quem não vê!

Por outro lado, achei que tinha que assinalar cursos, pois muitos deles, ao que me apercebi, tinham também preparação académica e de nível elevado, só que os licenciados da treta como eu, não davam o devido valor. Mas aí a culpa não é só nossa. Muitas familías queriam que os filhos fossem médicos, engenheiros, advogados, filósofos e o resto era paisagem. Até o meu pai sofreu por isso por ter tirado o curso de pintura...

Anónimo disse...

A experiência da vida pode não ser tudo, mas às vezes dá origem a autênticos tratados!

Nautilus disse...

O que também não será o caso aqui caro Navegante. Para além da experiência da vida parece-me que há uma grande dose de formação de base, de aplicação prática e de investigação.

Jose Angelo Gomes disse...

Depois da faina, o navio -

Já lá vai pelo mar fora!

A faina foi dura e a carga

Foi tanta que o alcatrate

Quase que ficou rez-vez;

Tinham que olhar com cuidado

Aonde se punha os pés!

Laurus nobilis disse...

Não o sabia com veia poética... Muito bem!

Jose Angelo Gomes disse...

Sou um homem de muitos (?) recursos....
Mas não é meu...
Boto