01 dezembro 2021

1º Dezembro de 1640

Nunca é demais assinalar a data, sobretudo quando começam a aparecer publicamente, com maior frequência do que era suposto, mapas que incluem o território português como pertença de uma qualquer união ibérica. É preciso lembrar, também publicamente, que, pela nossa parte, nos libertámos desse pesadelo no século XVII. 
Tudo começou no dia 1 de Dezembro de 1640, quando 40 nobres invadiram o Paço da Ribeira, mataram o representante dos interesses castelhanos em Portugal, Miguel de Vasconcelos e prenderam a Duquesa de Mântua (intitulada vice-rainha de Portugal), encarcerando-a no Convento dos Santos. Derrubado o domínio castelhano em Lisboa, D. João IV, 8º Duque de Bragança, foi proclamado Rei de Portugal, mas somente em 1668 Castela voltaria a reconhecer a independência de Portugal.
Começámos como Estado-nação em 1143; passaram 878 anos, muitas bandeiras simbolizando várias etapas, muitas vitórias e derrotas, muito sofrimento e muita alegria…, mas cá continuamos, com tudo o que é bom e mau, mas que nos caracteriza como Povo. É sempre oportuno referir que Portugal nada deve a um estado que é herdeiro de uma história ibérica assente na conquista de todas as nações vizinhas, criando uma quase hegemonia na península, ainda hoje, bastante irritante para alguns, dada a sobranceria com que é por vezes proclamada. De todas elas, somente Portugal escapou como Nação independente e, este facto, só pode ser motivo de orgulho nacional. 

7 comentários:

Nautilus disse...

Viva a Restauração da Independência. Grande feito, muito necessário.

JdB disse...

Um dia importante, de facto, que merece ser celebrado, embora eu não seja propriamente adepto "racional" da ideia (podemos ser adeptos "irracionais" por via da graça que achamos) que de Espanha nem bom vento nem bom casamento.
(por curiosidade, tinha um amigo, fortemente monárquico, que dizia que o nosso maior problema era o futuro (na altura) rei de Espanha se chamar Filipe...)
O seu post tem o interesse histórico e o interesse estético: não só explica o que se passou e o que somos, mas mostra a evolução das bandeiras nacionais: atinge-se um apogeu estético (embora as opiniões se possam dividir quanto ao ponto onde se atinge o apogeu) e, no fim, é a descida ao inferno.

Laurus nobilis disse...

Pois... a última, cada vez mais nos diz que o inferno está perto...

Laurus nobilis disse...

Ainda a propósito do caminho que, paulatinamente, vamos fazendo em direcção ao inferno, recebi este belo texto atribuído ao Diogo Pacheco de Amorim:

1640… quinhentos anos de História falaram mais alto, e pesaram mais fundo do que a cobardia, o acomodamento e a trama dos interesses pessoais de toda uma falsa elite. O povo, e liderando o povo o pouco que restava de uma nobreza ainda enraizada na sua história, nas suas tradições e no seu sentido inato das liberdades retomou o destino nas suas mãos e seguiu em frente.
Quatrocentos anos depois, e novecentos após o princípio da nossa caminhada como nação livre e soberana, encontraremos ainda a força, a energia e a fé para sacudir o peso asfixiante da nova sujeição aos senhores da hora, aos seus agentes no terreno, e a todos - e são muitos - os que eles compraram e àqueles que, lá longe, na sombra, puxam os cordéis?
Talvez…
Quem sabe?

JdB disse...

Não querendo um ping-pong argumentativo consigo (gosto teria, mas não será este o local) acho que esta ideia dos 800 anos de história e das fronteiras mais antigas da Europa está sobrevalorizada. Em bom rigor, serve para quê? Sim, é uma linha que fica bem num curriculum, mas serve para quê, se estamos cada vez mais atrasados, se não crescemos, se temos mais pobreza e se as novas gerações vivem com mais dificuldade? Faz-me lembrar a história que o meu pai contava de um amigo que tinha no seu cartão de visita: "ex-passageiro de 1ª classe do paquete Império". Temos pouco que comer, mas sentamo-nos com um faqueiro de prata de família...
Peço desculpa pela pequena provocação. É sempre um gosto lê-lo.

Laurus nobilis disse...

Sempre ao dispor para tertúlias consigo. Aliás, a última já foi há bastante tempo; temos rapidamente de reactivá-las. Até posso entender o seu ponto de vista, mas prefiro ir ouvindo os violinos enquanto o paquete se afunda, tal como parece que aconteceu no Titanic. O sermos esta mistura de terra com alma custou muito, a muitos… e eu sou incapaz de me esquecer deste facto. Actualmente, sinto-me bastante órfão em termos dos valores que predominam na sociedade. Resta-me, assim, tentar não esmorecer (enquanto puder), mesmo que com alguma nostalgia e acreditar que, dentro das novas gerações, alguns farão no futuro a diferença, de outra forma, claro, mas nunca esquecendo o que, apesar de todas as vicissitudes, construímos ao longo dos tais 800 anos. Atingimos um pico de miséria material e intelectual tal, que terá obrigatoriamente de ser ultrapassado. Quero e preciso de acreditar neste facto. Com racionalidade, formação individual, cidadania, fé e unidos pelo amor a Portugal. É sempre um gosto JdB. Um abraço

garina do mar disse...

esqueci-me deste... deve ter sido no stress da viagem de regresso...
e agora fiquei intimidada com a conversa!!!
mas viva a Restauração da Independência!