27 outubro 2017

Um safari no Botswana - 3º dia: o passeio a pé


Não gostei muito do passeio a pé. Primeiro, porque era um passeio de um grupo de 12 pessoas mais dois guias, em que nem todas teriam bem (ou mal) a noção do que era uma aproximação aos animais da selva...
Estavam previstos dois passeios, um ao fim do dia, mais curto, que duraria até ao pôr do sol, e outro na manhã seguinte, mais longo.
Depois o passeio para mim começou mal. Estava marcado para as 16h30 e eu, que não uso relógio nestas coisas, até ia de vez em quando vendo as horas na máquina fotográfica para ter tempo de me organizar. Estava a acabar um capítulo de um livro quando um dos guias me vem dizer: "estamos todos à sua espera!" Uups... ter-me-ia enganado nas horas à conta da diferença de fusos horários? É que para mim eram 15h30. Nem pensei: fui a correr para a tenda, calcei os sapatos, enchi o cantil e nem sequer organizei o que ia levar de material fotográfico... agarrei mesmo na mochila não me fosse esquecer de alguma coisa, levando por isso muito mais carga do que tinha pensado.
Quando saio da tenda tinha todo o grupo a olhar para mim e seguimos, indo eu pelo caminho a tirar a máquina, à procura do melhor sítio para amarrar o cantil, a pôr protector solar porque afinal estava muito mais sol do que tinha pensado...
Terminada a logística, e depois de mandar o guia que fechava o grupo desligar o telemóvel onde ele ia recebendo mensagens, resolvi perguntar a um dos meus companheiros de aventura que horas eram. "15h50" diz-me ele... "saímos mais cedo do que estava previsto." Pois, bem mais cedo... Enfim... agora era seguir com o passeio.
Pouco depois o guia faz sinal: uma girafa. Eu segui a técnica do costume: uma primeira foto e só depois tentaria a aproximação, até porque com gente a falar, a fazer "piii" cada vez que ligavam ou desligavam as máquinas, não deveríamos conseguir chegar muito perto...
No entanto, por estranho que parecesse, a girafa não saía de onde estava...


Comecei a tentar perceber o que se passava e vi, até mais perto de nós, uma jovem girafa que, cusquinha, tentava perceber quem nós éramos. Avisei o guia: "a girafa não sai dali porque tem uma cria e está a protegê-la, não faz sentido aproximarmo-nos tanto, só servirá para a stressar". O guia que não tinha visto a cria, foi dizendo que sim mas nada fez para se afastar. Foi preciso eu ir explicando um a um que estávamos a perturbar a girafa e lá seguimos viagem.

Um pouco mais à frente estava um elefante. Como estávamos contra o vento não nos sentiu logo e continuou entretido a comer folhagens.

Depois foi uma manada de impalas que passou a correr entre nós e o elefante. Essas viram-nos e pararam a uma distância a que se sentiam seguras. E ainda vimos mais duas girafas, essas bem mais ariscas do que as anteriores...

Entretanto era hora de começarmos a regressar. Mesmo assim sugerimos ao guia um pequeno desvio para nos tentarmos aproximar mais um pouco do elefante. Por essa altura ele já nos tinha visto mas ia-se afastando tranquilamente... Até o vimos a abanar uma palmeira para deitar abaixo os frutos, mas essa cena não consegui fotografar.

E regressámos, pela margem do grande lago que estava próximo do acampamento, ouvindo os hipopótamos a resfolegar mas sem os vermos (nem a eles nem ao pôr do sol) porque os juncos eram altos e o guia ia a uma velocidade tal que nem dava para parar para uma foto.
Só mesmo à chegada ao acampamento é que consegui fotografar as árvores iluminadas por um sol que já tinha desaparecido.


Estava decidido! No dia seguinte não iria fazer o passeio a pé! Até porque tinha uma ideia que me parecia bem mais interessante mas que só podia pôr em prática depois dos outros saírem...
(continua...)

4 comentários:

Nautilus disse...

Que grande aventura :)
É o mal dos grandes grupos: há sempre alguém que não percebe as "regras" e estraga tudo.
Mesmo assim ainda viste muitos bichos e razoavelmente perto: dá ideia que não têm medo das pessoas. E leões não viste?

Laurus nobilis disse...

Mesmo sem grupos grandes, este é um mal que existe em todo o lado... A outro nível, mas que vem ao caso, uma noção simples, como o facto de se chegar às horas combinadas, é violentado sistematicamente por demasiada gente para meu gosto...
Apesar das trapalhadas, parece ter sido profícuo nas "vistas"! Sim, ainda não falaste de leões...

garina do mar disse...

bem... aqui a hora combinada foi antecipada... ou seja, ninguém se atrasou!!!
quanto aos leões... pois... ouvi-os relativamente perto numa das noites, mas vê-los por aqui não...

Laurus nobilis disse...

Foi só um exemplo...