07 fevereiro 2023

Faial & Pico V

E lá fomos até à ilha do Pico. O vento era imenso e chovia abundantemente mas, a negritude do basalto em contraste com aquele azul do mar fascina qualquer um.
Como acontece muitas vezes, o Pico adivinhava-se, resguardado num "capacete" de nuvens que o protegia de olhares indiscretos.
Embora não seja propiamente grande apreciador dos vinhos da ilha, é de realçar e louvar o esforço que há muito é efectuado pelos picuenses para ter um acesso mais fácil e rápido a esta mística bebida. 
Chegado às Lages, um velho moinho recuperado, junto à marginal, serve de miradouro e observatório de aves, muitas, que por ali andam. 
E depois, aquela pequena mas grandiosa maravilha que é o museu da vila, totalmente consagrado aos heróis anónimos que, noutros tempos, caçavam baleias.
Adoro estes desenhos gravados em osso que contam histórias de vidas duras que acabaram, mas que deixaram registos de respeito, nobreza e honra para todo o sempre, em homenagem àqueles homens. 
E pensar que, sem mais nada que não fosse a vontade e a coragem, era nestas pequenas embarcações que se travavam lutas de vida e de morte em pleno Oceano Atlântico. Hoje em dia, muitos são os descendentes dos antigos baleeiros que, convictamente, protegem estes fantásticos animais. No entanto, o orgulho no passado recente dos seus avós permanece bem vivo.   

3 comentários:

JdB disse...

Já aqui o disse, seguramente: foi no Pico que me estreei enquanto apaixonado pelos Açores. Foi no Pico que me deslumbrei - pela primeira vez - com o silêncio e com a noção de ilha. Já tinha estado na Madeira mas, pela sua dimensão, percebe-se menos que estamos numa ilha. Queira Deus que não deixem estragar os Açores. No dia em que quisermos estar em silêncio numa das ilhas e ouvirmos uma babel de línguas estrangeiras e hordas de pessoas a tirar selfies estaremos condenados à barbárie. Restar-nos-á o silêncio de uma cave, entrincheirados contra a invasão do ruído.
Uma última nota para a actividade baleeira, pois também estive nesse museu. Uma epopeia fantástica, feita de gente destemida por natureza e necessidade, encavalitados em barcos mais pequenos do que os animais que perseguiam.

Laurus nobilis disse...

Caro JdB, percebo lindamente "não deixem estragar os Açores"... e concordo em absoluto. Aliás, ainda tenho o sonho de ir para lá viver. Talvez um dia... no Pico e no Faial não tive essa sensação de "estar rodeado de bárbaros" mas em S. Miguel, ou pensam muito bem no que estão a fazer, ou vai dar raia. Um Abraço

garina do mar disse...

lindas recordações dos Açores!!! o Pico é das ilhas mais interessantes, talvez por ter mais diferenças relativamente às outras: os contrastes do verde das vinhas (e de outras plantas) com aquelas pedras muito pretas é lindo...