Um dia destes fui até Serpa. Sem desprimor para as restantes localidades alentejanas, esta é a minha favorita.
Adoro passear, sem grande destino, junto às muralhas e por aquelas ruelas estreitas que, como alguém já disse, têm o nome do calor e a intimidade do estio...
Ao pôr-do-Sol, pegar numa garrafa de vinho tinto, ir até à Ermida de nossa Senhora de Guadalupe e beber aquele néctar sagrado juntamente com queijo, pão e uns amigos, a olhar para aquelas terras que vão até Espanha, é qualquer coisa de fantástico.
Quase que adormecemos, embalados pelo imenso chilrear dos pássaros que, ao fim do dia, abundam por aquelas paragens mais elevadas,
fazendo-nos acreditar que, naquela planície, outrora com cereais e agora com olivais, há uma espécie de fogo que não morre nunca, que não se conhece senão junto a ela, na demasiada sombra da sua memória.
4 comentários:
Ena! Estás muito poético! E dás boas ideias: não me lembraria de pegar no vinho e no queijo e ir para a Ermida admirar a vista. Ficará para uma próxima.
Conheço mal Serpa, mas gostei de lá ter estado 3 ou 4 vezes, se tanto. Comecei por conhecer o Clube, que também é uma referência, embora diferente das retratadas neste post. E jantei um dia - belamente - na casa local do Alfredo Saramago. Num certo estado de alma (ou em todos, sei lá eu...) nada há como a paisagem alentejana. E parabéns pelas fotografias.
Só falta referir a autoria das suas citações.
Serpa tem recantos encantadores e acesso a repastos que quase parecem de outro mundo. Obrigado pela visita ao burgo. Pois... não sei mesmo de que quem é a autoria... as citações estão escritas à mão, no Volume I da "Tradição" (publicação da CMS), que já tenho há uns anitos; não estão assinadas (só com data) e, sinceramente, não sei quem as escreveu, mas vou investigar, até porque me foram, imagino eu, dedicadas... acho que são uma abordagem muito bonita do Alentejo e, daí, as ter utilizado.
Um abraço
LN
Em relação às citações, não cheguei a nenhuma conclusão convincente...
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