Ainda no percurso da Carrapateira, sabíamos que, na letra J, íamos encontrar o novo porto de pesca, provavelmente destinado a melhor as condições que já tinhamos mostrado aqui.
Mas o mais interessante foi descobrir que neste local tinha existido, no século XII, um povoado islâmico de pescadores. Os trabalhos de arqueologia, dada a localização com grande visibilidade da faixa costeira, procuravam, inicialmente, uma torre de atalaia, que se integraria no sistema defensivo da zona, mas depararam afinal com esta estrutura urbana que, de facto, está num local lindo.
Nas escavações, da responsabilidade de Rosa Varela Gomes, tal como as do Ribat da Arrifana de que também já vos falámos aqui, foram descobertas 14 estruturas habitacionais, constituídas por uma única divisão e dotadas de uma zona de fogo que não é habitual nestas estruturas árabes, e muitos artefactos de uso comum (cerâmicas) e de uso na pesca (anzóis, pesos de rede) e ainda restos de fauna marítima e terrestre.
Foi inclusivamente encontrado um osso de baleia, cetáceo que seria abundante naquelas águas na época do Garb al-Andalus. O osso, com cerca de meio metro, teria sido usado como banco.
O povoado, dedicado à exploração dos recursos marinhos, que seriam a principal fonte alimentar dos residentes e poderiam ainda servir como moeda de troca com produtos diferentes de outras regiões do interior, seria provavelmente sazonal e complementado com agricultura, ou seja dedicado a uma produção agromarítima frequente na costa algarvia.
Todo o espólio do assentamento está exposto no Museu do Mar da Terra e da Carrapateira. Mais informação aqui.
Já em Fafião tive mais sorte na visita ao Fojo do Lobo. Este é um pouco mais pequeno mas muito bem conservado.
Nesta zona é também espantosa a diversidade da vegetação,
quer a dos lameiros, onde se encontram vestígios de espécies mediterrânicas.
E por fim as ribeiras, que se precipitam entre caos de rochas,
para depois dar origem a pequenas lagoas.