01 julho 2019

Namíbia - Opuwo / Kunene


Na manhã seguinte fizemo-nos novamente à estrada, em direcção ao Noroeste do país; pelo caminho ainda parámos uma ou duas vezes para apreciar estes majestosos "ninhos" de térmitas, bastante mais altos que qualquer um de nós. 
Já passava um pouco da hora de almoço quando chegámos ao Uukwaluudhi Safari Lodge e, junto a uma magnífica e convidativa piscina, esta era a paisagem... uma enorme planície com capim, muito amarelo, a perder de vista.
Antes da independência e enquanto protectorado sul-africano, este local foi um dos eleitos para o treino das tropas de elite sul-africanas; os vestígios desses tempos ainda vão sendo visíveis... a relativa proximidade com a fronteira angolana não deve ser alheia a este facto, já que o exército sul-africano fez inúmeras incursões no território do seu vizinho do Norte, aquando da guerra civil naquele país.
No entanto, hoje em dia, graças a uma paz duradoura e ao empenho dos empresários turísticos locais, a fauna voltou... para além dos animais habituais nestas grandes savanas, estes dois chamaram-nos a atenção.
O corolário deste dia foi um magnífico pôr-do-Sol... sentados em cadeiras de lona, a bebericar gin tónico e a apreciar alguns petiscos locais como acompanhamento. Inesquecível!
Na manhã seguinte, ainda tivemos oportunidade de passar junto a uma aldeia  do povo Himba que, até à fronteira Norte, povoa aqui e ali o território.  Migraram de Angola para a Namíbia há algumas centenas de anos, em busca de solos mais férteis para o seu gado. Uma das suas características mais conhecidas é o tom avermelhado da pele e dos cabelos das mulheres. A razão para isto é a utilização de Otjize, que não é mais do que uma pasta constituída por manteiga, gordura e ocre encarnado, por vezes perfumado com rezina aromatizada e que é aplicada duas vezes por dia nas tranças - verdadeiras obras de arte - e no corpo.

5 comentários:

garina do mar disse...

o sítio é giro!! um bocado amarelo mas nessa altura é natural… é engraçado que os montes de térmitas são muito diferentes de um lado e do outro de África: aqui e no Botswana são assim, na Gorongosa e noutros sítios de Moçambique são bastante mais arredondados e chegam a ter arbustos e às vezes árvores em cima…
já vi fotos muito interessantes do povo Himba mas é uma situação estranha: eles cobram quando são visitados?

Laurus nobilis disse...

O lodge fornece-lhes alguns produtos, nomeadamente açúcar e sal e, portanto, volta e meia passam por lá; desta vez, nós acompanhámos a expedição. Ao lodge pagámos, mas não sei se eles recebem dinheiro propriamente dito. Os Himbas só nos quiseram vender artesanato feito por eles, ao que nós correspondemos comprando algumas pulseiras. Em todo o Norte da Namíbia há aldeias deles, algumas delas vazias, já que eles praticam alguma transumância por causa do gado.

JdB disse...

Gosto sempre de ler as suas crónicas, porque me mostram sítios e costumes que não conheço. Esta crónica, no entanto, agarrou-me por via do álcool. Veio-me à memória ("não uma frase batida", como diz a música) mas a minha estadia num lodge do Zimbabwe e as minhas incursões turísticas pelo mato. Ao fim da tarde sentavamo-nos em cadeiras de lona e bebericávamos um gin tónico enquanto, relativamente perto, o rinoceronte se dessedentava num charco. Naquela altura não se podia pedir mais. Mas podia agradecer-se ao Império Britânico.

Laurus nobilis disse...

Caro JdB, fico contente de ir gostando das minhas crónicas. Sabe, embora diferentes, temos uma coisa em comum... Somos pessoas antigas a vários níveis... um deles, é sabermos que o que é realmente importante é vivido com a intensidade do instante, porque sabemos ele pode não se repetir. O que interessa é registar o momento e poder dizer a nós próprios, «estávamos lá...». Depois da Namíbia, "o meu eu" não continuou igual e, portanto, percebo-o lindamente. Grande abraço

Nautilus disse...

Tenho que agendar uma ida à África "profunda". É bem diferente da litoral, que é quase europeia. Há uns tempos li um livro passado no Botswana em que dá para perceber que as populações "de cidade" não convivem (e quase desprezam) as populações que vivem no mato (bushmen). Por isso é bom que estes sejam, nem que parcialmente, protegidos pelos operadores turísticos.