12 janeiro 2017

O Futuro da Saudade


«... Talvez um dia o preto e o branco irremediavelmente se diluam e tudo ficará cinzento e triste e, ser português, não será diferente de ser americano, espanhol, francês, italiano ou alemão...»

«... Mas se algo nos distingue, enquanto grupo, dos outros (e creio que sim por mais subjectivo que seja), melhor se expressa na guitarra de Carlos Paredes ou na voz de Amália, do que num esboço teórico...»

Este livro, datado de 2004, foi das melhores abordagens que li sobre a encruzilhada em que a canção de Lisboa se encontrou e eventualmente se encontra, depois dos grandes mestres se terem gradualmente afastado. Aconselho vivamente a sua leitura a quem, como eu, gosta de fado!

5 comentários:

garina do mar disse...

gosto de fado mas talvez não tanto assim... mas acho que há uns dos novos bastante bons!!! e que provavelmente não são os que estão na moda...

Voz do Vento disse...

Embora tenha origem em Lisboa, hoje, não só é uma canção de Portugal, como do mundo.

JdB disse...

Tenho o livro, comprado por uma exorbitância de 2,90€. Encontrei-o agora depois de ler o seu post e talvez lhe passe os olhos ainda que na diagonal, que o tempo disponível é já para outras leituras.
Não sei se ainda sabemos o que é o fado actualmente - o contrabaixo, a bateria, as novas sonoridades, a necessidade de diversificar para chegar a mais mercados, que ser-se fadista em full time é só para alguns.
Como em muitos outros aspectos da nossa vida, o difícil é perceber aquela linha - que mais não é do que um fio de cabelo - que separa a necessidade de preservar e o gosto de evoluir...
Curiosamente - e termino que me alonguei - o melhor disco da Amália (O Busto, para mim - e não o da República) marca o fim de uma época para dar início a outra. Um fado mais evoluído poeticamente, para o qual havia mais vida para além da Madragôa.
Enfim, divagações numa sexta-feira 13.
Obrigado.

Laurus nobilis disse...

Caríssimo, é um prazer vê-lo por aqui; «...necessidade de preservar e o gosto de evoluir...»; eis uma equação realmente difícil de resolver, sobretudo com uma envolvente em constante mutação e sim, não é só no fado, embora como este signifique «destino», estamos a falar da vida!
Quanto ao Busto, não tenho qualquer dúvida: o da república não seria certamente! Até porque a república é muito retrógrada e a Amália, nesse álbum, inovou efectivamente face a um passado fadista que, note-se, também tinha e tem muito mérito.
Volte! É e será sempre bem vindo neste espaço. Obrigado pela divagação!

Nautilus disse...

Fado... Que neste momento é património mundial da humanidade, ou seja, pode ter sido feito algo que obrigue a conservar as suas raízes: mesmo que apareçam inovações não poderão fugir muito do que era o fado. E inovações sempre as houve: ainda há dias calhou ouvir um "fado falado" pelo Villaret e de facto não deixa de ser fado. E em contrapartida também houve quem, fora de portas, soube dar valor à versão tradicional, como aquela japonesa que cantou fado pelo mundo inteiro.
Veremos... Tens que me emprestar o livro.