16 outubro 2013

«Os amigos do rei»

“ O Rossio animava-se com o movimento das pessoas. Um bando de pombos esvoaçava incomodado por umas gaivotas atrevidas que haviam deixado a proximidade do Tejo para entrar nos seus domínios; pequenos pardais aproveitavam aquele alvoroço para debicar migalhas perdidas pelo chão, ocupando por sua conta uma das esquinas da praça e espalhando-se por algumas ruas laterais. Miguel observava aqueles pequenitos vivaços que evitavam os conflitos entre os maiores e que se fortaleciam enquanto os outros se desgastavam. Com um sorriso nos lábios pensava: «É assim que os pardais constroem seus impérios.»”
“4 de Outubro de 1500. Um homem contempla Lisboa à janela dos seus aposentos, no paço da Alcáçova. Tem 101 anos, e é o último conquistador de Ceuta vivo.”
“- Estou agora a lembrar-me que em sua sandice a pobre rainha chamava muitas vezes pelo rei Filipe, seu marido; também gritava por seu pai, o rei Fernando… E chamava também muitas vezes por um outro nome.
- E qual era esse nome?
- Vasco.
- Que nome bonito. Seria o nome desse cavaleiro misterioso?
- Estou persuadida que sim, pois quando chamava por esse nome, Sua Alteza segurava esta girafa.
- E de onde veio esta girafa?
- Não sei onde a fizeram, mas o grupo que representava os autos vinha de Olivença.
- Olivença? Que terra é essa?
- Não sabes? Olivença é terra de Portugal, para as bandas da nossa Badajoz.”

9 comentários:

Nautilus disse...

Ora bem! Estamos numa de literatura histórica. É sempre interessante.
Conheço o autor, pela coordenação dos livros sobre os "Reis de Portugal" e por ter "defendido" o D. Manuel I, mas não li nenhum destes. Qual deles recomendas para quem tem pouco tempo?

Voz do Vento disse...

Só li o primeiro. Muito bem enquadrado com a época. Se os outros dois forem iguais, vale a pena ler os três.

Já agora... Olivença, é nossa!

Laurus nobilis disse...

Estes três livros têm como cenário principal o Império Português, durante o reinado de D. Manuel I. Podem ser lidos separadamente, mas a trilogia no seu todo é realmente muito boa, transportando-nos com rigor para uma época extraordinária da nossa história. Como é escrito na badana do "Império dos Pardais", "...que homenageia um povo e um rei."

Navegante disse...

Grande Vasco de Melo, amigo do Rei e espião da Casa Real; bela sugestão! Não deixem de ler qualquer um dos três livros, escritos por um historiador que, numa linguagem acessível, nos transporta para uma outra dimensão, para um outro Portugal.

garina do mar disse...

está bem.... está bem... podes emprestar-me os livros ;)

Nautilus disse...

E eu afinal fiquei sem saber qual hei-de ler...

Laurus nobilis disse...

Que tal começar pelo primeiro? Aposto que após o leres, tenho que te emprestar os outros dois!

joao madail veiga disse...

Iniciei há uns tempos largos a leitura do 'Império...' e parei. As primeiras páginas estão cheias de incorreções absurdas.
Manias, mas não gostei.

Laurus nobilis disse...

Olá João Veiga. Já há muito que não o víamos por cá. Seja bem-vindo.

Na parte que me toca, gostei bastante e, entre os "seus pares" historiadores, uma das coisas que foi frequentemente afirmada, foi que a caracterização da época e o enquadramento histórico era bastante correcto e rigoroso. Enfim, não temos que gostar todos do mesmo, mas eu deliciei-me a ler qualquer um dos três livros.

Até breve.