Neste dia, em que alguns celebram um golpe militar, apoiado por uma minoria e imposto aos portugueses em 1910, prestamos aqui homenagem ao último grande herói monárquico, com dimensão verdadeiramente nacional – Henrique de Paiva Couceiro.
Oficial do Exército Português, nascido em Lisboa a 30 de Dezembro de 1861, destacou-se nas campanhas de África, quer em Angola, quer em Moçambique, tendo participado nas batalhas contra o régulo Gungunhana, sob o comando de Mouzinho de Albuquerque. Em 1907, foi nomeado Governador-geral de Angola, pelo Senhor D. Carlos, lugar que manteve até 1909.
Aquando do golpe de 1910, contava-se entre os defensores da causa monárquica, o que lhe custou a expulsão do Exército. Refugiou-se na Galiza, tendo comandado duas incursões no Norte do país, respectivamente em 1911 e 1912. Após o assassinato de Sidónio Pais em 1918, Paiva Couceiro vê novamente a oportunidade de restaurar a monarquia e, em 1919, conseguiu sublevar o território nacional que vai do Minho ao Vouga, no que se viria a chamar a Monarquia do Norte. Após mais esta tentativa frustrada, refugia-se em Madrid, voltando ao país em 1924.
Em 1935, por discordar publicamente da política ultramarina que estava a ser seguida, foi deportado, tendo voltado em Janeiro de 1937. Em Outubro do mesmo ano, dirigiu uma célebre carta ao Presidente do Conselho de Ministros sobre a mesma questão, tendo sido preso e, novamente, expulso do país. Tinha 76 anos!
Permitiram-lhe o regresso em 1939, tendo morrido em Lisboa, no dia 11 de Fevereiro de 1944. A convicção e a esperança nunca o abandonaram e perduraram até ao fim, tendo sido, curiosamente, um antigo monárquico a acabar com o seu sonho.
8 comentários:
parece um fulano interessante!!
até é estranho o meu bisavô não ter escrito nada sobre ele...
Boa ideia! Escrever sobre Paiva Couceiro, é falar de coragem, seriedade, coerência e, acima de tudo, de honra! É bom lembrar neste 5 de Outubro que, em Portugal, existiu gente deste calibre.
"Fulano"????? Foi casado com uma senhora chamada Júlia Maria do Carmo de Noronha...
As autoridades insistem em ignorar o facto de, em 5 de Outubro de 1143, ter sido assinado o Tratado de Zamora, preferindo antes invocar um golpe de estado efectuado pelo partido republicano e pela carbonária. Oficialmente, já lá vão 867 anos como Nação Independente, em que somente 100 são de república... Para os políticos, parece que as convulsões da 1ª república, a autocracia da 2ª e a enorme bandalheira da maior parte da 3ª, é que são suficientemente importantes para, nesta data, comemorarem qualquer coisa que a mim me escapa…
Lembrar Paiva Couceiro e a sua vida, é uma excelente forma de dizer, Portugal é muito, muito mais, do que a pesada herança que esta república nos está a deixar!
Era de facto um homem persistente nas suas convicções.
Mas penso que o mais importante é o que é frisado pelo Navegante e que nós já por duas vezes aqui referenciámos: o 5 de Outubro a assinalar deveria ser um outro, o dia do "reconhecimento" de Portugal como Nação Independente, o 5 de Outubro de 1143 em que foi assinado o Tratado de Zamora.
A 1ª e a 2ª República (a ditadura) permitiram o regresso a Portugal de um homem que tinha tentado uma guerra civil, sem grandes apoios aliás.
Não me recordo de igual tratamento da monarquia aos sublevados do 31 de janeiro no Porto, que morreram todos deportados.
No dia 31 de Janeiro de 1891, a cidade do Porto assistiu a uma revolta militar, que tinha como “bandeira”, as cedências do governo ao ultimato britânico de 1890, a propósito do Mapa Cor-de-Rosa, que pretendia ligar por terra Angola a Moçambique.
Tanto quanto sei, desta tentativa de golpe, foram julgadas cerca de 500 pessoas, que foram condenadas a penas que variaram entre 18 meses e 15 anos, tendo cerca de metade sido deportada para África. Em 1893, bastantes (não consegui apurar quantas), foram libertadas, em virtude de uma amnistia então decretada.
Convém também dizer, que esta revolta é hoje considerada uma iniciativa em contracorrente que, mais do que contestar o regime monárquico, foi uma espécie de ajuste de contas e um reequilíbrio interno de forças e tendências dentro do então partido republicano.
Dada a fraca implantação que o partido republicano tinha junto da população – nas últimas eleições em regime monárquico, a 28 de Agosto de 1910, tiveram somente 9% dos votos ou seja, 14 deputados em 155 – todos os diferendos eram resolvidos com um golpe, perpetrado ou por militares, ou por civis armados, ou por ambos, com assassinatos direccionados pelo caminho. Internamente, dentro do próprio partido e depois das cisões que se verificaram após 1910, a fórmula foi sempre a mesma até ao 28 de Maio, ele próprio um golpe militar feito por republicanos…
o meu bisavô (outro), participou no 31 de Janeiro... e nunca ouvi dizer que tivesse sido deportado!!
de resto eu ainda o conheci quando era pequena porque ele morreu com 99 anos...
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