12 abril 2013

A Casa da Pesca

Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal e primeiro Conde de Oeiras, instalou a sua quinta de recreio junto à Ribeira da Laje, no actual Concelho de Oeiras, ocupando uma vasta área de terrenos.
Na chamada Quinta de Baixo, situava-se o palácio, solar típico do séc. XVII, os jardins, o lagar, a adega e o celeiro. Esta propriedade estava ligada à Quinta de Cima ou Quinta Grande, por uma alameda designada Avenida dos Loureiros, hoje inexistente. Todo o projecto é da responsabilidade do arquitecto húngaro Carlos Mardel, também responsável pela construção do Aqueduto das Águas Livres.
Na Quinta de Cima, estava integrada a Casa da Pesca e a Cascata dos Gigantes. Nesta propriedade fazia-se, nesses tempos, a produção de bichos-da-seda, estando vocacionada em termos agrícolas sobretudo para a produção de azeite, vinho e frutos.
Na segunda metade do século XX a propriedade foi fraccionada e vendida, tendo a Quinta de Baixo sido adquirida pela Fundação Calouste Gulbenkian e a Quinta de Cima comprada pelo Estado, instalando-se lá a Estação Agronómica Nacional, entretanto criada em 1936.
Sobre a designação “Casa da Pesca” há várias teorias. Uns, dizem que neste lago que se vê, o Marquês foi um dos precursores da aquicultura, produzindo peixes para consumo; outros, dizem que quer da Ribeira da Laje, quer do mar que fica perto, vinha o pescado que era ali “trabalhado”, para ser posteriormente consumido.
O enquadramento é lindíssimo e todos os painéis de azulejos têm motivos relacionados com o mar, ninfas e estranhos animais marinhos, sendo de uma enorme beleza. O complexo, que está classificado como Monumento Nacional desde 1940, encontra-se numa fase de degradação e abandono que choca mesmo o político mais indigente, sendo urgente uma intervenção cuidada e profunda no local.

6 comentários:

Navegador disse...

E tudo isto no meio de Oeiras. Lindíssimo. Não fazia ideia da sua existência. A única consolação é que, como está no meio da Estação Agronómica, seja mais difícil o vandalismo e o roubo. Mas é uma vergonha que, o Estado, esteja na maior parte das vezes ausente em tudo o que diga respeito a processos de recuperação de património. Se fosse pelouro da Câmara de Oeiras, de certeza que não estava assim. O Isaltino pode ter muitos defeitos, mas em relação a este tipo de coisas, foi sempre muito atento.

Nautilus disse...

Isto é muito interessante! Não fazia ideia que existia. Pode-se visitar?
Ouvi dizer que uma parte da Estação Agronómica tinha sido concessionada. É verdade?

garina do mar disse...

tão giro e aqui tão perto!!! e eu até já fui a uma reunião na Estação Agronómica e não dei por nada disto...
se lá voltar, vou mais cedo ;)

Laurus nobilis disse...

Não ouvi falar em concessão; somente em arrendamento de pastagem para uma éguada que por lá anda. Quanto a visitas, penso que, falando no portão de entrada com o segurança, deve ser permitido lá ir. Para todos os efeitos é Monumento Nacional e, portanto, à partida visitável.

Voz do Vento disse...

Já conhecia e é uma tristeza. A este propósito, o "Público" publicou já há uns tempos um artigo elucidativo:

http://www.publico.pt/local/noticia/casa-da-pesca-ameacada-de-ruina-e-sem-restauro-a-vista-1532476

Ou então, através da pesquisa no Google, ponham Casa da Pesca Público.

Laurus nobilis disse...

Esta parte do interior do edifício que se vê no artigo está fechada. O tecto é realmente muito bonito; é uma pena que tudo se perca por falta sobretudo de bom senso e boa vontade.