29 março 2013

Mais sobre quebra-ossos


Como tinha dito no último artigo, outro local, também em Espanha, onde se pode ver quebra-ossos é na Andaluzia onde estas aves têm vindo a ser reintroduzidas pela Fundación Gypaetus, através de um programa europeu.

O ano passado fui procurá-los aos Parques Naturais Sierra de Castril e de las Sierras de Cazorla, Segura y Las Villas, local onde "vivem" os que têm vindo a ser libertados no âmbito do programa de criação em cativeiro da Fundación. No entanto, chovia torrencialmente (nas zonas mais altas era mesmo neve) e não se conseguiu ver nada!!

Mas, como no meio dos azares há sorte, conseguimos uma visita guiada, pelo director da Fundación, ao Centro de Cria localizado na Sierra de Cazorla (ver foto de cima). Este centro pode habitualmente ser visitado entre Maio e Setembro, altura em que não há perigo de perturbar a reprodução em cativeiro e vale bem os 5 euros que se paga pela visita.

O centro tem várias gaiolas (ver foto acima) onde vivem os adultos reprodutores e as crias até serem libertadas ou até crescerem para se tornarem também reprodutoras (ver fotos abaixo: um adulto a mostrar a sua magnífica plumagem e um juvenil abrigado da chuva torrencial).


Nenhuma das aves deste e dos outros centros do programa viveu em liberdade. As aves vão sendo trocadas entre os vários centros europeus que existem na Áustria, França, Alemanha, Grécia, Itália e Espanha (e penso que ainda inclui um zoo do Reino Unido, a Suíça e a Turquia) para evitar problemas de consaguinidade.

E depois são libertadas pelo sistema de "hacking" que consiste em colocar 3 ou 4 crias numa concavidade rochosa quando elas começam a saber alimentar-se sózinhas e até saberem voar e procurar alimento (na foto de baixo um detalhe da "cueva de hacking" na Sierra de Segura, onde o ano passado foram libertadas 4 crias, todas fêmeas: a Viola, a Zafra, a Marchena e a Encina).

Acabam por viver mais de um mês nessa "gruta", passando a considerar o local onde fazem os primeiros voos como o local onde nasceram. Durante esse mês um grupo de vigilantes leva-lhes a comida enquanto dormem e durante mais algum tempo vão deixando comida na zona envolvente da "gruta" para que os já juvenis se habituem a procurá-la.

A ideia de juntar 3 ou 4 crias serve para que se apoiem mutuamente, dado que não têm o apoio dos progenitores, nomeadamente a correrem com outros animais que andam na proximidade (corvos, grifos, raposas) e vão lá roubar-lhes a comida, e para que aprendam a definir hierarquias.

Enquanto não começam a voar são vigiadas em permanência por uma equipa de técnicos da Fundación Gypaetus e de voluntários que anotam a sua evolução, os treinos que fazem, as hierarquias que estabelecem (na foto de baixo um aspecto da escarpa onde se localiza a "cueva de hacking" na Sierra de Segura - a "cueva" é aquela grande concavidade em cima e do lado direito e a foto foi tirada do local onde estão os vigilantes).

Todos os exemplares libertados têm um emissor que permite perceber por onde andam (ver aqui) e se está tudo bem com eles.

Espero este ano conseguir voltar!
Pode saber mais sobre este projecto na página da Fundación Gypaetus

17 março 2013

Em busca de quebra-ossos


O abutre quebra-ossos (Gypaetus barbatus) é uma ave que está incluída na lista vermelha da IUCN. Apesar de desde há cerca de 10 anos ser já considerada como "pouco preocupante", em parte devido a um amplo programa de reintrodução da espécie, em Portugal deixou de ocorrer desde o início do século XIX, registando-se apenas, e muito recentemente, algumas incursões de quebra-ossos espanhóis.

Ou seja, para os ver é preciso viajar. Um dos locais onde é possível avistá-los - existem cerca de 10 casais - é na Sierra de Guara (em Huesca) onde a associação Fondo Amigos del Buitre gere o alimentador de Santa Cilia, destinado a quebra-ossos e abutres do Egipto e maioritariamente utilizado por grifos.

Foi lá que vi este lindo exemplar.


Outro local é o Parque Nacional de Ordesa Y Monte Perdido onde numa paisagem deslumbrante vivem cerca de 3 dezenas de quebra-ossos.

Vi alguns, e um deles, um juvenil, andou a voar mesmo por cima do carro, mas como começou a nevar as fotos não ficaram grande coisa.

Um dos melhores locais para os observar é junto às gargantas do rio Escuain: de um lado e do outro do rio existem duas aldeias - Escuain e Revilla - praticamente abandonadas, mas cuja estrada permite o acesso à vários miradouros.

Outro local, também em Espanha, é na Andaluzia onde os quebra-ossos também foram extintos mas têm vindo a ser reintroduzidos através de um programa europeu do qual falarei mais tarde.

09 março 2013

Um dia, a passear pelo Meco... (II)

Começando o dia na Foz,


para o ir acabar nas Bicas.

03 março 2013

Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020



Está em Consulta Pública, na página da Direcção-Geral de Política do Mar (DGPM), uma nova Estratégia Nacional para o Mar (ver aqui).

Desta vez, a nova Estratégia já inclui uma "visão de Portugal, para o período 2013–2020, no que se refere ao modelo de desenvolvimento assente na preservação e utilização sustentável dos recursos e serviços dos ecossistemas marinhos, apontando um caminho de longo prazo para o crescimento económico, inteligente sustentável e inclusivo, assente na componente marítima."

E, ao contrário da versão anterior que não era mais do que
"uma declaração de boas intenções"
, tal como referimos em 2006, dado que "Quando? como? com que meios? como corrigir e adequar? eram questões a que o documento não respondia", esta proposta de Estratégia também já inclui uma proposta de Plano de Acção, com programas e projectos, e onde é efectuada uma calendarização e identificados a quem cabe executar essas acções, os respectivos custos e as fontes de financiamento.

Ou seja, parece que desta vez é "a sério" e é nosso dever comentar o documento que está em consulta pública e, se for caso disso, apresentar correcções e propor melhorias: na página da DGPM, além dos vários documentos em consulta, está também um formulário para comentários (nota: não abre à primeira, pede uns registos mas se ignorarmos esse pedido duas ou três vezes abre o ficheiro word).

Não deixem para o fim do prazo! Comentem!